Texto originalmente publicado em 3 de setembro, no JORNAL DA CIDADE
DIR/
valdirfilosofia@hotmail.com
Na coluna DIR COM EDUCAÇÃO começamos a falar sobre leitura. Indiquei a
importância da leitura para a escrita. Em qualquer situação devemos ser bons
leitores, isso Paulo Freire já
dizia. Falamos de leitura superficial, que é o primeiro contato da pessoa com
um texto. Aqui já podemos identificar assunto
e posicionamento do autor. Extensão e termos difíceis do texto. Tudo isso nós dirá se temos coragem,
motivação e vontade de entender profundamente o texto. Se não passamos nesse
teste, então não vale a pena. Já aconteceu isso comigo várias vezes. Muitos
textos deixei para ler depois por causa disso. Eu acredito muito que um texto,
para uma determinada pessoa, deve ter um tempo certo de maturação para ser lido
por essa pessoa. Quando tentei ler Dom Quixote, com 10 anos, aprendi essa
grande regra. Aos 15 anos, entendi Dom Quixote. Aos 28 comecei a enxergar
coisas novas. E, apesar do texto ser antigo, aos 32 estou descobrindo novidades
em Dom Quixote. Esperem, pois falarei mais sobre esse fabuloso livro em outra
oportunidade.
LEITURA PROFUNDA
Com a leitura profunda entramos literalmente ao fundo da mensagem escrita
ali. Para isso é necessário mais paciência. Lido o texto pela primeira vez,
você deve ter encontrado palavras que não entendeu. Agora é hora de buscar dicionário, livros, enciclopédias, internet e ou a ajuda de alguém mais experiente.
O importante na leitura é que não fique
dúvida sobre o significado básico do termo. Digo significado básico porque pode
ser que um termo antigo pode ter mudado de significado agora. Por isso tem que
tomar cuidado.
Por exemplo
“-Olha,
aquele é mecânico nos estaleiros, mas faz uns "biscates" de eletricidade por fora!”
Nesse
exemplo, o termo “biscate” não tem o
significado usado por muitos grupos sociais da atualidade. Esses grupos
referem-se a mulheres vulgares de biscates. Mas em Portugal, como no exemplo,
significa um trabalho extra.
Percebem a importância do significado.
Se não tiver essa malícia achará que o “mecânico” do exemplo anterior é alguém
vulgar. E pelo contrário, é um trabalhador exemplar.
Não deixe os significados controlar
você. Por isso, duvide sempre. Quando você encontrar algo estranho no texto que
está lendo, procure um dicionário, uma enciclopédia, a internet ou até um amigo
mais experiente. Sempre duvide. Sempre pesquise. Busque sempre significados
mais apropriados.
Tudo isso não garante que consiga
encontrar a resposta certa para tudo. Infelizmente só o tempo vai poder dizer
se estamos certos ou não. Então paciência meu caro. E muita comunicação.
Procure pessoas que já leram o texto que você está lendo. Pergunte sobre o
entendimento dela. Seja curioso. Não se contente com nada. Essa é a primeira
atitude de um bom intelectual. Se seguir esses passos, será melhor em tudo que propuser
a fazer.
Por quê? Oras bolas. O mundo
contemporâneo (dos negócios, da administração, da educação, das empresas, do
dinheiro, de tudo) está à procura de pessoas que têm habilidades de buscar
soluções, de procurar respostas, de inovar, de criar e ter criatividade por
demais. Nós professores não estamos mais ensinando os alunos a lerem, mas sim a
aprenderem a encontrar diversas formas de leituras. O mundo mudou. Se você
estagnou, cuidado. Não é um bom sinal para você.
ALÉM DAS PALAVRAS
Após analisar os significados das
palavras, uma boa dica é tentar entender o posicionamento do autor sobre o tema
proposto. Você verificou na leitura superficial o tema proposto (e talvez até
escreveu algo que você acredita sobre o tema). Agora é hora de colar suas
concepções, crenças e conhecimentos a prova. Siga um roteiro básico abaixo:
·
Você concorda com o autor? Por quê?
·
Qual é seu posicionamento? Por quê?
·
Se você não concorda, qual argumento você
usaria para derrubar o argumento do autor?
·
Se você concorda, qual argumento você
usaria para auxiliar o argumento do autor?
·
Quais as fontes de leituras que você
poderia usar para apoiar seu argumento?
FONTES
A
respeito das fontes, teremos outras oportunidades para falar somente sobre
elas, mas esteja esperto. Anote sempre de onde você tirou a sua leitura. Se for
da internet, anote o endereço, com a data do acesso. Como por exemplo:
Acesso
em 03/09/2012
Se
for um livro, escreva o nome do livro, do autor, da editora, do ano de
publicação e da página onde tirou a citação. Logo, nessa coluna, você perceberá
como são importantes todas essas informações.
EM BREVE
Você
deve ter percebido que há muitas outras dicas de leitura profunda e
procedimentos que podemos discutir aqui. Talvez não consigamos discutir todas,
no entanto, essas habilidades apresentadas são fundamentais para separar você
de um candidato não preparado para qualquer concurso. Vamos continuar falando
disso. Até porque tudo isso tem relação com a educação
MEU MEDO
Ainda,
como professor, continuo com medo da BANALIZAÇÃO.
Cada vez que o ano passa, vejo que a sociedade não se importa mais com a
profundidade das questões. Não param para pensar, não param para ler, não param
para questionar. Eu tenho medo, porque estou me tornando um rebelde social. Rebelde social é todo aquele que não
aceita o estado atual da sociedade. Aquele que nada contra maré. Mas se for para viver assim, em vez de
aceitar as coisas passivamente, prefiro ser um peixe vermelho nadando à
esquerda, do que peixes azuis, como todos, indo ao contrário.
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