Site voltado para os estudos psicopedagógicos. Tem o objetivo de auxiliar no processo ensino-aprendizado apresentando textos que discutem questões que estão no campo pedagógico, da psicologia da educação e psicopedagógico.
sábado, 27 de outubro de 2012
VALORIZAÇÃO
"Valorização não se resume a valor de salário.
Professores esperam da sociedade outras formas de
reconhecimento, como a valorização social dos pais e
dos alunos e o apoio da coordenação."
Professor Doutor em Educação: Gilberto Luiz de
Azevedo Borges (UNESP/BOTUCATU)
FONTE: PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
Projetos de Ensino, atividades práticas, experimentação e o lúdico no ensino de ciências.
BORGES, Gilberto Luiz
de Azevedo. Projetos de Ensino, atividades práticas, experimentação e o lúdico
no ensino de ciências. In UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Prograd. Caderno de
Formação: Formação de Professores Didáticas do Conteúdo. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2012. v. 10. pp. 114 - 139
Para ter acesso ao texto online: clique aqui
“A
facilidade de utilização e a rapidez dos resultados tornam a internet uma boa
fonte de informações.” p. 117
E aqui compreendo que o professor não é mais a única fonte de informações ou dados conceituais. E como lidar com essa realidade senão portar-se como um motivador de habilidades. A principal delas: aprender a aprender.
E aqui compreendo que o professor não é mais a única fonte de informações ou dados conceituais. E como lidar com essa realidade senão portar-se como um motivador de habilidades. A principal delas: aprender a aprender.
“É
importante preparar o professor para que possa orientar os alunos sobre a
melhor utilização da internet como fonte de informações. Em síntese, a pesquisa
na internet, com as ressalvas feitas, serve para uma visão geral do tema e para
levantar questões que necessitam de maior investigação bibliográfica ou
consultas a especialistas.” p. 117 (grifo meu)
Outras
fontes de pesquisa são as bibliotecas e os especialistas - mas quais são as condições das bibliotecas escolares? Continuam como depósitos de livros ou como cofre onde não pode ser tocado?
A RESPEITO DE PROJETO
“Certamente,
um projeto não poderá ser iniciado se o professor não tiver as informações mínimas
sobre o tema. Isto não significa que ele precise saber tudo antes dos alunos
iniciarem o trabalho (...). Por outro lado, não se deve iniciar um projeto
quando se têm questões fundamentais sem possibilidade de serem respondidas por
falta de fontes de informação.” P. 118
“Antes
de iniciar um projeto, é indispensável sabermos que pessoas ou instituições
poderão contribuir de diferentes formas. Que materiais existentes na biblioteca
estarão acessíveis aos alunos? Quais recursos da comunidade poderão ser utilizados?
Elas foram consultadas sobre a possibilidade de colaboração? Que tipo de
informação estará disponível?” p. 118
“A
diversidade de conteúdos que podem ser tratados a partir da pesquisa recomenda
que, preferencialmente, um projeto de trabalho seja desenvolvido pelo coletivo
de uma escola e não por um único professor” p. 119
Planejamento
coletivo – participação da equipe docente. No entanto, não é fácil compreender que há muita equipe que possuem membros individualista. É muito resistente a cultura na educação brasileira de o professor se fechar em seu mundo, ou em sua sala de aula, sem participar de ações coletivas em prol do processo ensino-aprendizagem. Além da teoria, sinto muito isso na prática.
“A
organização de um projeto de trabalho envolve vários aspectos: escolha do tema;
organização do trabalho docente e do trabalho do aluno; busca de fontes de
informação; elaboração de relatórios de projetos (INFORSATO; SANTOS, 2011, p.
97-98) p. 119
INFORSATO,
E. C; SANTOS, R. A. A preparação das aulas. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA.
Prograd. Caderno de Formação: formação de professores didática geral. São
Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 9, p. 86-99. v; 9
Definição
do tema. Levar em consideração o conhecimento prévio dos alunos. E quais são as medidas para se conseguir informações sobre o conhecimento prévio dos alunos? Como realizar esse diagnóstico? Como conseguir imparcialidade (se isso é possível)?
“De
maneira ideal, a definição do tema de um projeto deve considerar questões
propostas pelos alunos a partir de sua realidade cotidiana e de seus
interesses, ou a partir de questões provocadas por situações apresentadas pelo
professor” p. 120
Concepção dialógica da Educação (Paulo Freire)
Concepção dialógica da Educação (Paulo Freire)
“a
criação de situações que propiciem motivar o aluno será, muitas vezes, o ponto
de partida para projetos ou para investigação de um fenômeno, objeto ou ser da
natureza.” p. 120
“Levantar
hipóteses (concepções prévias) sobre o fenômeno é fundamental para instalar a
dúvida e gerar o interesse dos alunos pela busca de informações.” p. 121
“A
observação cuidadosa do grau de envolvimento dos alunos – através das perguntas
feitas, das concepções e conhecimentos que possuem sobre o tema – será o
indicador do potencial do tema para o desenvolvimento do projeto ou para não
levá-lo adiante. É evidente que o trabalho do professor será decisivo para o
envolvimento dos alunos. Estamos falando de possibilidades teóricas, mas muito
simples em relação às situações que surgem durante o diálogo em sala de aula.”
p. 122
“O
conhecimento da realidade, o cotidiano e temas para Projeto
A
escolha do temas para projetos é o aspecto mais importante no processo de
planejamento que o professor deve fazer para utilizar essa estratégia de
ensino. Sempre que possível, a definição deve partir das questões dos alunos;
mas é preciso considerar as dificuldades de conduzir o ensino e a aprendizagem
com tal ponto de partida. Além da curiosidade do aluno, o professor deve
considerar outros critérios para a escolha de temas, entre os quais: relevância
social e científica; potencial de motivar e permitir a ação efetiva dos alunos; relação com os conteúdos curriculares; possibilidade de uma abordagem
interdisciplinar e de tratar de temas transversais; considerações sobre os
aspectos cognitivos; probabilidade de relacionar com os conhecimentos
anteriores dos alunos; potencial para tratar de conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais; disponibilidade de recursos que possam ser fonte
de informações para os alunos. (grifo meu)
Segundo minha experiência docente, há mais dificuldades com o professor trabalhando em uma abordagem interdisciplinar do que tratar com temas transversais. E para isso, acredito que a dificuldade de professores trabalharem em grupo ou criarem projeto coletivos acarreta essa realidade.
Segundo minha experiência docente, há mais dificuldades com o professor trabalhando em uma abordagem interdisciplinar do que tratar com temas transversais. E para isso, acredito que a dificuldade de professores trabalharem em grupo ou criarem projeto coletivos acarreta essa realidade.
Outro
aspecto importante a considerar na seleção dos temas é a vinculação com o
cotidiano da criança, com sua realidade próxima, com seu grupo de relações.
Tais aspectos, além do potencial de motivação, são fundamentais para que se coloque em prática um dos objetivos mais
importantes da educação básica: o
conhecimento objetivo e crítico da realidade. O entorno da escola pode ser
o primeiro espaço para estudo das crianças. Uma praça, uma oficina, uma fábrica,
o sistema de abastecimento de água, são espaços com grande potencial de
exploração no ensino de ciências dos anos iniciais. As famílias e pessoas que
trabalham na região podem colaborar em várias etapas do desenvolvimento de um
projeto. Uma escola ou um professor que optar por essa metodologia de
ensino-aprendizagem precisa conhecer o potencial da localidade como gerador de
temas e como espaço de conhecimento. A escola pode ter esse papel de
transformar espaços que são potencialmente educativos em espaços educadores. (grifo meu).
Um estudo contextualizado do objeto, uma análise a luz da realidade do sujeito cognoscente é um instrumento motivador para realizar o trabalho educativo.
Um estudo contextualizado do objeto, uma análise a luz da realidade do sujeito cognoscente é um instrumento motivador para realizar o trabalho educativo.
A
escolha de temas e a maior ou menor facilidade em desenvolvê-los também se
relaciona aos conteúdos curriculares e à forma de abordagem que se
pretende. Alguns temas permitirão o
desenvolvimento de atividades práticas de caráter experimental; em outros
haverá predominância da pesquisas bibliográficas. Alguns poderão permitir uma
abordagem mais lúdica.
Por
todas essas variáveis que envolvem o trabalho com projetos, é importante
destacar que a escola precisa se preparar para esse tipo de atividade e, se
possível, fazê-lo coletivamente. Mesmo sendo proposta de um professor, o papel
da equipe de gestão é fundamental, participando concretamente de sua orientação
e execução, desde a escolha do tema até a avaliação final.” p. 123 (grifo meu). E por que as escolas não conseguem trabalhar de forma coletiva, elaborar projeto coletivos onde há o apoio interdisciplinar e que contemple, também, os conteúdos transversais? Tenho algumas hipóteses
- Gestão não democrática e não dialógica;
- Individualismo como cultura de ação pedagógica entre professores;
- Desavenças ou competições entre docentes;
- Desvalorização social;
- Falta de recursos humanos e materiais.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
“Se
o tema foi definido, é o momento de organizar o trabalho docente e de organizar
o trabalho do aluno. Logicamente, a organização só se inicia após a definição
do tema quando a sugestão é feita pelos alunos. Entretanto, mais comumente, os
temas são propostos pelo professor e discutidos com os alunos.” p. 124
DISCUSSÃO DO TEMA COM OS ALUNOS
“A
discussão do tema com os alunos permitirá definir que aspectos serão mais
interessantes e relevantes para a aprendizagem dos conteúdos relacionados ao
projeto. Um aspecto fundamental na definição do tema é a abrangência do mesmo.”
p. 124
ABRANGÊNCIA DO PROJETO
“Estamos
nos referindo a crianças de anos iniciais do ensino fundamental, o que exige
bastante cuidado em relação à abrangência (diversidade de conteúdos e
objetivos) e à duração do projeto. Nessa faixa de escolaridade, é mais adequado
iniciar o trabalho com um tema mais específico ou, pelo menos, com objetivos
específicos associados ao tema. Uma das características básicas do trabalho com
projetos é produzir um resultado concreto, a ser apresentado e discutido. Por
tal motivo, um projeto muito abrangente, com objetivos muito gerais, tende a
ser mais complexo para os alunos dos anos iniciais e exige um longo tempo de
execução. Em tais condições, há risco de gerar certo desânimo e, em
consequência, ter seus resultados comprometidos.” p. 124 (GRIFO MEU). Um projeto muito extenso pode tirar a motivação das crianças em continuar até chegar ao produto objetivado. Cada vez mais longo o projeto for, mas artifício o professor deverá ter para manter o interesse e a motivação do aluno em trabalhar.
“Sempre
que possível, o projeto deve resultar em materiais concretos, que possam servir
para apresentação a toda classe ou ao público externo” p.124
“Por
fim, queremos destacar que não se pode associar a dificuldade de trabalhar com
projetos a uma provável falta de conhecimento do professor. Não é possível e
tampouco necessário que o professor saiba tudo sobre o assunto que será tema de
um projeto. Não saber tudo significa que é preciso pesquisar, buscar
informações e criar soluções para os problemas que surgirão ao longo do
trabalho docente. O que é necessário ao professor é ter capacidade de buscar
informações; saber conduzir uma investigação; orientar o aluno no processo de
levantamento de dados; e auxiliá-lo na consecução de objetivos relevantes para
sua vida em sociedade.
É
no ato de buscar caminhos para desenvolver um conteúdo, criar novos arranjos da
informação e apontar novos caminhos para a busca do conhecimento que o
professor se transforma em um produtor de conhecimento escolar.
Ao
se propor a trabalhar com projetos, o professor deve mergulhar profundamente no
ato de aprender. Ensinar é, nesse contexto, um ato de educação permanente, que
exige do professor uma reflexão sobre o que ensina, como ensina e que objetivos
tem atingido.” p. 126
“Observação
de objetos, fenômenos e seres vivos
Em
nossa vida cotidiana, estamos constantemente observando: os lugares, as
pessoas, as condições de tempo, os animais, o carro ao atravessar uma rua e
tantas outras situações. A observação em nossa vida diária é, muitas vezes,
banal e sem rigor. Um dos objetivos do ensino de Ciências, no seu papel de
contribuir para a formação mais crítica do aluno, é desenvolver a capacidade de
observar como condição para levantar dados que permitam aprofundar o
conhecimento dos objetos, fenômenos e seres. Para isso, o professor deve propor
situações que possibilitem ao aluno o exercício dessa habilidade.
A IMPORTÂNCIA DA OBSERVAÇÃO
A
observação direta, com utilização dos órgãos dos sentidos, é aquela que se faz
a partir do contato com os objetos, fenômenos ou seres, tal como eles ocorrem e
no próprio local de ocorrência. A qualidade da observação pode ser melhorada
com a utilização de equipamentos, desde os mais simples (uma régua, uma lupa
manual, um termômetro, por exemplo), até instrumentos mais sofisticados como é
o caso de um telescópio ou de um microscópio. (GRIFO MEU).
No
ensino de Ciências, a observação quase sempre é proposta para permitir
levantamento de dados em processos de investigação. Observar é o ponto de
partida para a realização de outras habilidades fundamentais em tais processos.
Só é possível comunicar, comparar, agrupar, classificar e várias outras
operações mentais, a partir da observação.
"A
observação direta de objetos, fenômenos e seres na natureza é uma importante
forma de aproximar os alunos das questões ambientais. Técnicas de ensino, como
trabalho de campo e estudo do meio, apresentam características que diversificam
e valorizam a observação direta.
Por
um lado, tais técnicas pressupõem preparação prévia dos alunos para a
observação; por outro, valorizam a autonomia dos alunos na busca de
informações. Também valorizam a própria observação, pois os dados coletados
devem ser discutidos em sala de aula."
p.
130
“inclui:
situações que possam gerar problemas adequados ao nível cognitivo das crianças;
discussão das perguntas e hipóteses dos alunos, de forma a estabelecer um
direcionamento para a ação; elaboração de projetos e experimentos com a
participação efetiva dos alunos; coleta de informações que, sempre que
possível, deve envolver controle experimental; condições para a discussão
coletiva e o registro das informações, com utilização de diferentes técnicas.”
P. 132
HABILIDADES
INTELECTUAIS
“Em
uma atividade investigativa elaborada para testar as hipóteses dos alunos sobre
um determinado problema, algumas ou várias habilidades intelectuais podem estar
envolvidas. Ao se trabalhar com crianças, é importante uma avaliação mais
cuidadosa para saber quais delas deverão ser propostas. Partindo da observação
e representando uma sequência, embora não absoluta, a investigação deve
favorecer as seguintes habilidades: comparação, estabelecendo semelhanças e
diferenças entre objetos e organismos em termos qualitativos e quantitativos;
organização, quando o aluno deve seriar e classificar objetos, fenômenos e
seres, bem como estabelecer critérios para seriação e agrupamentos;
experimentação, referindo-se a um procedimento em que causa e efeito, natureza
ou propriedade de algum objeto, fenômeno ou ser, é determinada pelo aluno, sob
condições controladas; inferência, que representa a operação em que o aluno é
solicitado a fornecer a razão de uma ocorrência, providenciar uma conclusão ou
formular um modelo teórico; e aplicação, que corresponde à situação em que o
aluno deve utilizar seus conhecimentos e habilidades na resolução de um
problema novo.” P.133
“O
que queremos ressaltar é que nem sempre podemos trabalhar com situações
concretas e que será necessário abordar conceitos ou ideias mais abstratas.”
P.133
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sábado, 20 de outubro de 2012
CONFLITOS NA SALA DE AULA
CONFLITOS NA SALA DE AULA
É
frequente nas salas de aula acontecer vários conflitos, geradores de brigas,
desavenças, inimizades e agressões verbais ou físicas. Acontece porque
reconhecêssemos que estamos falando de um espaço onde convivem muitos indivíduos
e cada um com suas particularidades, crenças e gostos. É na sala de aula que
produz esses encontros, da mesma forma acontece em empresas, escritórios, entre
uma mesma categoria profissional e dentro de casa.
Sem
entrar no mérito da razão de um lado, da culpabilidade do outro. Sem querer
discutir se os conflitos são influenciados pela cultura extramuros ou se os
conflitos oriundos das salas de aulas são estopim para as desavenças futuras na
sociedade. Precisamos, como cidadãos, reconhecer que nossa fragilidade está
realmente aí: nas relações humanas. São essas questões que entravam projetos,
que destroem sonhos, que emperram trabalhos, trazendo prejuízo a todos os
envolvidos.
Mas
na sala de aula, sendo professor, como intervir da melhor forma e apagar a
pequena chama acendida de um futuro incêndio?
Em
minha sala, por exemplo, procuro fazer a política contra fofoca. Sabemos que as
crianças têm por hábito vigiar o comportamento dos colegas, por vários motivos.
Creio que como sociedade, temos dado péssimos exemplos a elas. Então, quando
uma criança se dirige a mim, como seu professor, para apontar alguma falha do
colega, questiono-a se, antes de me informar, teria alertado o colega sobre as
faltas. Sei que crianças dos primeiros anos do Ensino Fundamental terão mais
dificuldades em compreender minhas intenções, no entanto, as crianças maiores
já percebem que poderiam evitar o trabalho se alertassem o amigo ou se, ao
menos, ignorassem o problema, caso não fossem atingidas diretamente. Até porque
todo bom professor deve estar atento para todos os acontecimentos dentro de sua
sala de aula, sendo assim, o aluno pode evitar aborrecimento, pois sabe que o
professor já viu e terá que tomar atitude sobre o que viu.
Você
poderia estar questionando-me a respeito de minha atitude, mas creio que esses
meus atos podem contribuir para que a criança pense em si e em sua relação com
todos dentro da sala de aula. Inclusive comigo mesmo. Pois eu também não
gostaria de que alunos meus procurassem fora da sala de aula a solução de um
problema que eu causei. Por isso, mostro-me sempre disposto a rever até meu
próprio comportamento com elas. E digo que, até hoje, tenho tido bons
resultados.
Mas
se a criança ainda teima em delatar seus companheiros ao professor, ao “tio” e
“tia” da creche ou, até mesmo, para os Inspetores de alunos? Para isso tenho o
hábito de, antes do aluno denunciar e comentar o fato, chamar a outra parte
envolvida para escutar o que se está falando dela. Assim poderei ouvir
atentamente os dois lados da questão, perceber padrões de comportamento que me
mostre a gravidade da situação. Só após isso, procuro tomar uma atitude, porque
é algo que todas as crianças esperam do professor. E se não fizer, perderei
mais pontos na minha relação com meus alunos.
Quando
o aluno infringe uma regra proposta no começo do ano e avaliada pelos próprios
alunos, aproveito a oportunidade para abrir uma assembleia entre eles para
pensar no caso, discutir até mesmo as medidas a serem tomadas, como anotar o
nome da criança no diário do professor, receber uma advertência por escrito que
será encaminhada ao conhecimento do diretor, perder o dia de ajudar o professor
a apagar a lousa ou distribuir os trabalhos. Até mesmo ficar de fora dos
pequenos prêmios oferecidos pelos trabalhos realizados.
Tento não perder a oportunidade de conversar com meus
alunos sobre os nossos próprios comportamentos dentro da sala de aula.
Discutimos e tentamos entender tudo que nos afeta e como responder a isso. Esse
tipo de comportamento valoriza a afetividade escolar. Ou seja, acreditamos que
o sistema afetivo dentro da sala de aula contribui para o sucesso ou não do
processo ensino-aprendizagem.
Certa
vez, percebi que um garoto, nos seus 10 anos de idade, estava incomodando uma
colega de sala, que tem a mesma idade. Muitas vezes a garota chorava, outras
vezes buscava revidar os puxões de cabelos e beliscos. Já estava ficando impossível
de controlar e, mesmo buscando apaziguar o conflito dos dois, sempre iniciavam
a discussão na semana seguinte. Conversando com ambos, separadamente, percebi
que o estopim foi o “namoro” da menina com outro colega, de sala diferente.
Então percebi que já era algo além da minha sala. Nesses casos, a Gestão, os
Coordenadores e toda a Comunidade escolar devem participar, buscando meios de
mostrar aos adolescentes, que a maneira que escolheram para solucionar a
contenda não era a mais adequada. Nesse momento, todos os profissionais de
educação precisam estar preparados para contribuir para o crescimento dos
alunos e não agravar mais a situação, correndo o risco de esse estopim estourar
no lado de fora do muro, aumentando essa bola de neve que nem sabemos onde vai
parar.
Enfim,
precisamos estar atentos para esses ínterins, pois a Educação também é
responsável pela formação do caráter e da personalidade dos futuros cidadãos.
Contribuindo com exemplos salutares poderemos mostrar aos nossos alunos que é
possível resolver um conflito com uma boa conversa e acordos mútuos.
Sei
também que cada professor tem em sua prática modos diversos do meu para agir
quando um conflito surgir em sala de aula, mas gosto sempre de frisar: O
diálogo será sempre um bom negócio.
Espero que assim, no futuro, não tenhamos políticos
agredindo e sendo agredidos por causa das diferenças de ideias, desejos e
posições.
É isso.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
AFETIVIDADE ESCOLAR
“para aprender, é mais eficaz
uma curiosidade espontânea do que um constrangimento ameaçador” – Santo
Agostinho.
Muitos
filósofos e estudiosos (Santo Agostinho, Vigotski, Luria, Paulo Freire, Julio
Groppa de Aquino, Miguel Gonzalez Arroyo, Telma Weisz, Sisto, entre outros)
têm-se preocupado com a afetividade no processo ensino-aprendizagem. Na sala de
aula encontramos reunidas pessoas de diferentes famílias, histórias e, até
mesmo, culturas. E a relação entre elas, no ato educacional, provoca reações
psicológicas diversas.
Paulo
Freire, em Pedagogia da Autonomia, escreveu:
“Nas
minhas relações com os outros, quer não fizeram necessariamente as mesmas
opções que fiz, no nível da política, da ética, da estética, da pedagogia, nem
posso partir de que devo ‘conquistá-lo’, não importa a que custo, nem tampouco
temo que pretendam ‘conquistar-me’. É no respeito às diferenças entre mim e
eles ou elas, na coerência entre o que faço e o que digo, que me encontro com
eles ou com elas. (FREIRE, 2002, p.152).
Seguindo o pressuposto da
singularidade em sala de aula, das especificidades de cada um, da
heterogeneidade imanente, o educador deve levar em conta que seu trabalho
educativo terá bons frutos, quando no planejamento e execução, levar em conta
todos esses determinantes.
O
professor, como membro mais experiente dessa relação, deve considerar as
circunstâncias que afetam seus alunos e a si mesmo. Entender o sistema afetivo
na sala de aula contribui para desenvolver melhor suas aulas, alcançando
satisfatoriamente os objetivos propostos.
Arroyo
(2005) discutiu bem o hábito positivista de muitos professores em desconsiderar
o lado emotivo e afetivo na educação, pois:
O
cognitivismo e cientificismo tão dominantes nas últimas décadas nos currículos,
na avaliação, nas didáticas de ensino e na formação dos licenciados criaram na
cultura docente a ilusão de que era possível trabalhar mentes incorpóreas
solidárias, pairando no vazio biológico e material, social e cultural (Arroyo,
2005, p. 131)
A
autoestima dos alunos e do professor interfere no processo educativo. Um aluno
que crê não ser capaz terá mais dificuldades em aprender do que aquele que
gosta e sente-se confiante. Desse modo, desconsiderar os sentidos e
significados que o aluno atribui ao objeto de ensino-aprendizagem torna-se um
grave erro. De acordo com Weisz:
“Se o
professor não sabe nada sobre o que o aluno pensa a respeito do conteúdo que
quer que ele aprenda o ensino que oferece não tem ‘com o que dialogar’. Restará
a ele atuar como numa brincadeira de cabra-cega, tateando e fazendo sua parte,
na esperança de que o outro faça a dele: aprenda (Weisz, 2001, p.42)
O
mesmo ocorre com o professor quando sente insegurança demais para ministrar o
curso. Suas concepções sobre metodologia de ensino, sobre sua própria imagem e
função contribuem para um bom ou péssimo desenvolvimento da atividade
educativa.
Para
evitar tal situação o planejamento docente, acompanhado de estudos constantes,
é essencial. Somado a isso, a sensibilidade e a motivação do professor para com
o aluno ajuda a transpor barreiras no aprendizado.
O
professor como mediador experiente da relação educacional tem que propor meios
para a valorização de todos os membros, independente de suas origens,
preferências ou histórico escolar. Do mesmo modo o próprio professor precisa
estabelecer base para sua própria valorização e respeito pelos alunos.
É
óbvio que o sistema afetivo não é tão simples assim, como foi descrito acima,
pois há outros fatores envolvidos que ultrapassam a sala de aula e atingem além
muros das escolas.
Penso
ser uma cadeia de relações que envolve toda comunidade escolar, representantes
governamentais e instituições. Mas não é por esse fato que a relação afetiva
será prejudicada na sala de aula.
Assumir
compromisso como educador é estar ciente da especificidade do ato educativo.
Esse diz respeito à luta pela valorização e desenvolvimento da comunidade
humana.
REFERÊNCIAS
AQUINO, J. G. Confrontos na Sala de Aula: uma leitura
institucional da relação professor-aluno. São Paulo: Summus, 1996.
ARROYO, M. G. Imagens Quebradas: trajetórias e tempos
de alunos e mestres. 2.Ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
MARTINS, L. M. A formação social da personalidade do
professor: um enfoque vigotskiano. Campinas: Autores Associados, 2007
SISTO, F. F; MARTINELLI, S. C (orgs). Afetividade e dificuldade
de aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. São Paulo: Vetor, 2006.
WEISZ T. E SANCHES A. O diálogo entre o ensino e a
aprendizagem. São Paulo. Ática, 2001
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