SE O MEU FILHO NÃO CHORAR?
Primeiro
dia na escolinha nova e meu filho não chorou. Não quis voltar comigo para casa.
O que faço? Atípica essa situação, mas não rara. Em vez da criança se sentir
insegura, temerosa com a nova realidade, são os pais que assim se sentem e
retornam a casa, sem suas crias, com um grande aperto no coração.
Compreendo
que essas emoções são naturais, no entanto é importante prestar atenção nelas,
pois na maioria das vezes são indícios de algo maior que poderá até prejudicar
o desenvolvimento dos pequenos. Quando os pais demonstram superproteção, por
exemplo, poderão provocar perturbações comportamentais no futuro e, se a criança
era um indivíduo bem resolvido e disposto às frequentes mudanças, poderá se
tornar retraída.
O
medo de perder o rebento para as novas exigências sociais poderá fazer com que
os pais ajam de forma compensadora, enchendo os filhotes de mimos para que não
“cresçam” e nem “abandonem” a casa paterna. Eu poderia usar uma imagem
motivadora da “mamãe” pássaro empurrando seus filhos para fora do ninho a fim
de que alcem voos. Tomar essa atitude não torna desnaturado pais algum, mas
demonstra o reconhecimento de que na natureza há a necessidade de evolução.
Demonstrar
aos filhos autocontrole e autoconfiança permite aos neófitos construírem suas
autonomias em bases sólidas. Eles saberão desde o início que poderão contar com
os pais nos inúmeros momentos de fracassos vindouros. Então se o seu filho não
chorar por ter que ir à escola, faça o favor de não chorar no lugar dele. As
emoções são sempre louváveis dadas as nossas imperfeições, no entanto, nossos
filhos sempre estarão nos questionando se as decisões tomadas são as que
realmente aprovamos. E se ir para a escola é uma das atitudes necessárias para
o crescimento moral na sociedade, então mostremos aos nossos filhos que, mesmo
ansiosos ou inseguros, acreditamos que os novos passos são os ideais.
Você
também não precisa perder a oportunidade de demonstrar ao filho seus receios,
ansiedades e medos. É bom que saibam que não somos perfeitos; muito longe dos
deuses que pensam que somos. Mas tudo tem limite, seja moderado. Tenha um
diálogo e não um desabafo desesperador. Isso sim será muito bom para ambos.
Valdir dos Santos Lopes
Psicopedagogo – clínico e
institucional
Professor especialista em Língua
Moderna da Prefeitura de Barbosa – SP
Graduando em Pedagogia pela
UNESP/Univesp – polo Araçatuba –sp.
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